Segundo Encuentro de Luthiers em Salta . Argentina
Centro Cultural America
Valmir Roza Lima
Concerto com meu amigo Abel Gorosito. Viola, Violão, Rabeca e Violino
O
ano de 2018 pra mim sempre será lembrado, como o ano em que eu vivi uma das
experiências mais emocionantes nessas minhas andanças pela Argentina.
Salta
“La Linda” já era uma paixão antiga, cidade situada no norte Argentino já
serviu de base pras minhas viagens de bicicleta, e ali era meu ponto de partida
pra aventuras em várias outras cidades.
Ha
alguns anos eu faço viagens pela América do Sul pra conhecer populações
tradicionais que utilizam algum tipo de "Rabeca," algumas vezes viajo
em ônibus, outras vezes em bicicleta, e sempre que estou no norte Argentino,
gosto de começar as minhas viagens por Salta, ou descansar ali no retorno.
Porém
o ano de 2018 foi especial, a convite de minha amiga Maria Vuksanovic,
participei do "Segundo Encontro de Luthiers" que se realizou nessa
cidade.
Na verdade,
fui eu quem me auto convidei , numa tarde, estava eu em minha oficina, fazendo
alguma Rabeca e escutando Radio Salta pela internet do celular, quando escutei
uma reportagem sobre o “Primeiro encontro de Luthiers em salta”. Dei um pulo,
fiquei abismado, não poderiam fazer um encontro sem mim, que tanto amo Salta.
Comecei a
investigar e por um pequeno detalhe na internet, consegui identificar a pessoa
que organizava esse encontro.
Comecei a
procura-la pelas redes sociais, até que obtive seu contato e decretei que se
houvesse um segundo encontro, eu exigia ser convidado.
O convite
chegou no ano seguinte.
Primeira noite do encontro, as feras reunidas
Porém
apesar de conhecer bem a cidade e já ter estado ali várias vezes, eu não
conhecia muita gente, só meus amigos locutores da radio Salta, Pollyto, Léo Tejerina e o operador Kuki Carrasco, pois nos comunicamos sempre por internet e
sempre que vou à Salta, participo do programa “La Tarde con amigos”, tocando
rabeca e falando de minhas viagens de bicicleta.
Pois
bem! Preparei uma Rabeca de Cabaça, uma
Viola Caipira e fiz um estojo de madeira pra Rabeca, pra apresentar nesse
encontro.
O estojo da Rabeca, eu pintei com várias ilustrações contando a minha versão da história e origem da rabeca , ficou lindo, estava tudo pronto .
Eu estava ansioso, mas ao mesmo tempo apreensivo, pois não conhecia ninguém que participaria desse encontro e não sabia como seria recebido pelos luthiers Argentinos.A viagem já foi tensa, pois viajar com instrumentos musicais, exige uma certa programação e cuidado que eu não estou acostumado, pois minhas viagens são sempre mais livres.
Resolvi
entrar na Argentina pelo Paraguay e depois de chegar a Assunção, peguei um
ônibus pra Resistencia “Argentina”, porém nessa passagem da fronteira sempre
tenho de pagar propina pra passar a bagagem.
É o
seguinte, quando os ônibus chegam na fronteira entre o Paraguay e a Argentina,
todos os passageiros descem do bus e um enxame de fiscais tira toda a bagagem do bagageiro
procurando alguma irregularidade.
Acontece
que esses fiscais são voluntários, eles não ganham soldo ou salario e vivem só
da contribuição voluntária dos passageiros.
Então,
quando eles encontram alguma irregularidade, você dá uma contribuição
voluntária que fica tudo certo. E eles pressionam pra receber em dólar,
principalmente de estrangeiros.
Eu
já tive muito problema com esse pessoal, pois pra eles tudo o que não for roupa
,toalha e sabonete é irregular. Eu já passei ali com bicicleta no bagageiro do
onibus , com material de acampamento, facas, já paguei muita propina, e dessa
vez não foi diferente.
Paguei
sem reclamar, pois não queria correr o risco de ficar com os instrumentos
musicais apreendidos na aduana.
Por fim,
cheguei à Salta e logo depois do primeiro dia de atividades, um encontro com a
maioria dos luthiers, num grande quintal pra comer empanadas bater papo e se
conhecer.
Fui
muito bem recebido, e as conversas eram soltas e amigáveis.
Uma
semana de exposições, palestras, oficinas e concertos num dos prédios mais
bonitos de Salta, o Centro Cultural América reunindo luthiers de várias
províncias da Argentina e até do exterior.
Levei
uma Rabeca de Cabaça e uma Viola Caipira, que ficaram expostas ao público,
corri algumas radios pra promover o evento, fiz palestra e até um concerto,
juntamente com meu amigo Abel Gorosito, exímio guitarrista e violinista, grande
conhecedor do folclore Argentino.
Foi
uma semana proveitosa, pois fiz inúmeras amizades e aprendi muito conversando
com eles.
Não
tem preço, poder conversar sobre técnicas ancestrais ou ferramentas modernas,
com vários artesãos apaixonados pela música.
Terminado
o Encontro, deixei os instrumentos em Salta, me dirigi para a Fronteira com a
Bolívia, comprei uma bicicleta usada e fui pedalando da cidade de Vilazón até Tupiza.
Uns 400 km, uma semana na estrada, só pra relaxar.
Em tupiza
eu doei a bicicleta, como sempre faço, e fui de ônibus pra Sucre, rever a
cidade branca, descansar um pouco, assim foi o Segundo Encontro de Luthiers em Salta.
Valmir Roza Lima
Valmir Roza Lima
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