terça-feira, 6 de agosto de 2019

Segundo Encuentro de Luthiers de Salta . Argentina



Segundo Encuentro de Luthiers em Salta . Argentina

Centro Cultural America

                                                                   Valmir Roza Lima


             Concerto com meu amigo Abel Gorosito. Viola, Violão, Rabeca e Violino





O ano de 2018 pra mim sempre será lembrado, como o ano em que eu vivi uma das experiências mais emocionantes nessas minhas andanças pela Argentina.
Salta “La Linda” já era uma paixão antiga, cidade situada no norte Argentino já serviu de base pras minhas viagens de bicicleta, e ali era meu ponto de partida pra aventuras em várias outras cidades.

Ha alguns anos eu faço viagens pela América do Sul pra conhecer populações tradicionais que utilizam algum tipo de "Rabeca," algumas vezes viajo em ônibus, outras vezes em bicicleta, e sempre que estou no norte Argentino, gosto de começar as minhas viagens por Salta, ou descansar ali no retorno.

Porém o ano de 2018 foi especial, a convite de minha amiga Maria Vuksanovic, participei do "Segundo Encontro de Luthiers" que se realizou nessa cidade.

Na verdade, fui eu quem me auto convidei , numa tarde, estava eu em minha oficina, fazendo alguma Rabeca e escutando Radio Salta pela internet do celular, quando escutei uma reportagem sobre o “Primeiro encontro de Luthiers em salta”. Dei um pulo, fiquei abismado, não poderiam fazer um encontro sem mim, que tanto amo Salta.
Comecei a investigar e por um pequeno detalhe na internet, consegui identificar a pessoa que organizava esse encontro.

Comecei a procura-la pelas redes sociais, até que obtive seu contato e decretei que se houvesse um segundo encontro, eu exigia ser convidado.

O convite chegou no ano seguinte.







                                                  Primeira noite do encontro, as feras reunidas


Porém apesar de conhecer bem a cidade e já ter estado ali várias vezes, eu não conhecia muita gente, só meus amigos locutores da radio Salta, Pollyto, Léo Tejerina e o operador Kuki Carrasco, pois nos comunicamos sempre por internet e sempre que vou à Salta, participo do programa “La Tarde con amigos”, tocando rabeca e falando de minhas viagens de bicicleta.
Pois bem! Preparei uma  Rabeca de Cabaça, uma Viola Caipira e fiz um estojo de madeira pra Rabeca, pra apresentar nesse encontro.


O estojo da Rabeca, eu pintei com várias ilustrações contando a minha versão da história e origem da rabeca , ficou lindo, estava tudo pronto .

Eu estava ansioso, mas ao mesmo tempo apreensivo, pois não conhecia ninguém que participaria desse encontro e não sabia como seria recebido pelos luthiers Argentinos.A viagem já foi tensa, pois viajar com instrumentos musicais, exige uma certa programação e cuidado que eu não estou acostumado, pois minhas viagens são sempre mais livres.



Resolvi entrar na Argentina pelo Paraguay e depois de chegar a Assunção, peguei um ônibus pra Resistencia “Argentina”, porém nessa passagem da fronteira sempre tenho de pagar propina pra passar a bagagem.


É o seguinte, quando os ônibus chegam na fronteira entre o Paraguay e a Argentina, todos os passageiros descem do bus e um enxame de  fiscais tira toda a bagagem do bagageiro procurando alguma irregularidade.
Acontece que esses fiscais são voluntários, eles não ganham soldo ou salario e vivem só da contribuição voluntária dos passageiros.
Então, quando eles encontram alguma irregularidade, você dá uma contribuição voluntária que fica tudo certo. E eles pressionam pra receber em dólar, principalmente de estrangeiros.


Eu já tive muito problema com esse pessoal, pois pra eles tudo o que não for roupa ,toalha e sabonete é irregular. Eu já passei ali com bicicleta no bagageiro do onibus , com material de acampamento, facas, já paguei muita propina, e dessa vez não foi diferente.
Paguei sem reclamar, pois não queria correr o risco de ficar com os instrumentos musicais apreendidos na aduana.


Por fim, cheguei à Salta e logo depois do primeiro dia de atividades, um encontro com a maioria dos luthiers, num grande quintal pra comer empanadas bater papo e se conhecer.
Fui muito bem recebido, e as conversas eram soltas e amigáveis.


Uma semana de exposições, palestras, oficinas e concertos num dos prédios mais bonitos de Salta, o Centro Cultural América reunindo luthiers de várias províncias da Argentina e até do exterior.
Levei uma Rabeca de Cabaça e uma Viola Caipira, que ficaram expostas ao público, corri algumas radios pra promover o evento, fiz palestra e até um concerto, juntamente com meu amigo Abel Gorosito, exímio guitarrista e violinista, grande conhecedor do folclore Argentino.


Foi uma semana proveitosa, pois fiz inúmeras amizades e aprendi muito conversando com eles.
Não tem preço, poder conversar sobre técnicas ancestrais ou ferramentas modernas, com vários artesãos apaixonados pela música.


Terminado o Encontro, deixei os instrumentos em Salta, me dirigi para a Fronteira com a Bolívia, comprei uma bicicleta usada e fui pedalando da cidade de Vilazón até Tupiza. Uns 400 km, uma semana na estrada, só pra relaxar.

Em tupiza eu doei a bicicleta, como sempre faço, e fui de ônibus pra Sucre, rever a cidade branca, descansar um pouco, assim foi o Segundo Encontro de Luthiers em Salta.

Valmir Roza Lima
























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